
Este espaço foi criado neste blog para a colocação dos lindos textos poéticos que foram outrora escritos de alma e coração por uma pessoa muito especial...A pessoa que eu talvez mais tenha amado nesta vida...A pessoa com quem eu mais me identifiquei como ser humana que sou; enquanto Deus nos abençoou com os laços familiares que nos uniram (Neta e Avó)...Hoje não estamos mais no mesmo plano espiritual...Mas nossas almas e os nossos corações estão unidos para sempre no amor que sempre nutrimos uma pela outra...Minha querida Avózinha (materna), Maria de Freitas( a "Miquinhas" para os amigos), esta homenagem é para ti (ontem, hoje e sempre com todo o meu amor)!!!
TRISTE SINA
Perdi o meu pai em pequenina
Minha mãe tão pobrezinha
Não tinha pão para me dar
Eu e mais três irmãozinhos
Por estes tristes caminhos
Pedia pão a chorar
Com meus irmãos pelas mãos
Chorava pedia pão
Lamentava a minha sorte
Quando perdemos os pais
Mais nos valia a morte
Descalçinha e esfarrapada
Seguindo pela estrada
Pedindo assim a Jesus:
- Jesus que tanto sofreste
Tem piedade de mim
Ajuda-me na minha cruz
(Maria de Freitas)
VOU CONTAR-VOS A CHORAR
Vou contar-vos a chorar
Com a alma a soluçar
Que tanto me faz comover
Dei ao mundo um filhinho
Que desde pequenino
Ele sofre e me faz sofrer
De pequenino me fugia
Pelos portões dormia
À noite para descansar
Apareceu-me um Deus do céu
No colégio mo meteu
Para o fado dele acabar
Mas um dia de lá fugiu
E a minha casa surgiu
Aínda vinha a soluçar...
- Mãe eu fugi do colégio
Porque o reitor me bateu
E eu não quero para lá voltar
Mas a fugir continuava
E pelas ruas mendigava
O filhinho da minha vida
O meu coração chorava
Mas para ver se o educava
Meti-o na tituria
Quando eu lá o fui entregar
Ajoelhei-me a rezar
E virei-me para os altos céus
Mas de longe lá vem o ditado:
"Uma mãe sabe-os criar;
Mas fadálos só Deus"
(Maria De Freitas)
FOI A FORÇA DO DESTINO
Foi a força do destino
Que à prisão fui parar
Com um filho nos braços
E outro cá fora a chorar
Com seis aninhos de idade
Que cortava o coração
Em ver essa criancinha
Quando alguém lhe perguntava:
- Que fazes aqui menino?
- Eu quero ver minha mãezinha
A minha mãe está na prisão;
Está naquela cela
E tem lá o meu irmão...
Eu quero ir para junto dela.
Enquanto eu na prisão rezava
Ele cá fora chorava
cheio de fome e friinho
Que dor tão grande eu sentia
Fechada numa prisão
Sem puder ver meu filhinho
(Maria de Freitas)
Todos estes poemas; que outrora foram galardoados aqui em Portugal com prémios de diversos concursos de poesia e jornais locais; relatam a sina de uma vida, com mais tristezas que alegrias, foram escritos aos 69 anos de idade (altura em que aprendeu a ler e escrever) por uma grande-mulher; que apesar de todo o seu sofrimento e infortúnio, nunca se deixou quebrar pela dureza dos espinhos...Nunca se deixou atormentar pelas dificuldades e nunca em tempo algum perdeu a sua fé...A Ela eu devo parte da garra que tenho...Pois sempre me encheu de amor e sempre me ensinou que na vida, os que vencem, não são os que têm tudo mas os que nunca desistem da força maior e mais milagrosa que Deus nos deu: A vida! OBRIGADA AVÓ!!! Rómy Pinto